sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Aparência


O brilho das luzes da ribalta e das lâmpadas dos fotógrafos, não está mais reservado ás artistas e aos candidatos políticos. Até uma mulher do tipo mais retirado e discreto pode um dia ser levada ao contro das atenções.

A escolha da roupa depende primariamente da hora e lugar. Deve-se em geral preferir algo bem desenhado e de acordo com o tipo físico. Abordamos a questão da imagem pessoal sob o ponto de vista do impacto que pode causar em nossas vidas e de seu processo de construção (leia “Não tem exclusividade: moda é para todos”). Sobre este último, listamos suas duas bases – que se misturam e andam juntas –, autoconhecimento e informação e, ainda, apresentamos, em termos individuais e de mercado, os significados atuais da moda, ferramenta importante desse processo, no que se refere ao aspecto “visual” da sua imagem pessoal.

É claro que imagem pessoal não tem a ver somente com aparência física e roupas. Inclui, além desses aspectos, outros como postura, voz e linguagem corporal, e outros ligados a comportamento, como
valores pessoais, personalidade, compreensão dos códigos sociais e a maneira como você se comunica e se relaciona com as outras pessoas. Tudo isso, em conjunto, compõe a sua imagem pessoal, que, em conjunto com a sua história, compõe a sua identidade. Única e intransferível. Ao mesmo tempo, o objetivo da imagem pessoal deve ser o de transmitir aos outros informações relevantes e precisas sobre quem você é e o que você quer.

 
Esclarecido o contexto, voltemos ao começo.

Ocorre que conhecer bem – e aceitar – o seu próprio corpo é um dos primeiros passos na direção de uma ótima imagem pessoal. Por quê? Em primeiro lugar, porque a sua imagem visual é a principal responsável pela primeira impressão que você provoca, e continua influenciando todas as impressões seguintes, quer você queira ou não. E, depois, conhecendo o seu corpo, você descobrirá os seus pontos fortes e fracos, e será capaz de, com as roupas certas, reequilibrar suas proporções, alcançando uma silhueta mais harmoniosa e, por fim, uma imagem visual mais positiva. Mais importante que tudo isso é saber que, quando nos olhamos no espelho e gostamos do que vemos, esse sentimento, além do bem que faz, nos torna mais dispostos e seguros diante do mundo. E que todos podemos melhorar.

O nome do jogo aqui é ilusão de ótica. E, pode apostar, a maioria daqueles que vemos por aí ostentando uma figura invejável – ao contrário do que somos compelidos a acreditar – não fazem parte do seleto grupo de exemplares da excelência física da raça humana. São, isso sim, pessoas espertas e bem informadas que aprenderam a dominar esse jogo. Vamos a ele:
 

Uma questão de autoconhecimento
Olhe-se – sem roupas e sem pressa – no espelho, de todos os ângulos possíveis, inclusive de costas, com a ajuda de um outro espelho. Como nem todos temos espelhos grandes em casa, minha sugestão é que você descubra uma loja cujos provadores tenham. Leve uma ou duas pecinhas para o provador, claro, e gaste o tempo que for preciso. Se possível, faça anotações sobre o que descobrir, especialmente sobre a sua visão de costas, que, frequentemente, é uma surpresa completa. A ideia é que essa atividade seja uma espécie de busca exploratória. Se você for sincero e corajoso consigo mesmo, fará descobertas surpreendentes e valiosas para a etapa seguinte (e, se der, compre uma das pecinhas antes de deixar a loja).


Regras gerais
Glorinha Kalil enunciou, num de seus livros, algo mais ou menos assim: “O curto deve alongar; o longo deve achatar; o estreito, aumentar para os lados; o volumoso, afinar”.


Reequilibrando suas formas
Agora que você já foi apresentado ao seu próprio corpo e está informado do objetivo (criar a ilusão de uma figura mais proporcional) e da estratégia do jogo (as “regras gerais”, logo acima), há algumas dicas principais para ajudá-lo nessa empreitada:

O tipo de roupa, as cores e os tecidos são as “peças” do jogo, e as combinações desses três elementos são as suas “jogadas”.


Contraste claro/escuro: cores claras e luminosas chamam mais atenção que cores fechadas e escuras, por isso aquela ideia de que “cores claras engordam, cores escuras emagrecem”. Se você tem o quadril pesado, por exemplo, use escuro embaixo e claro em cima, assim vai concentrar o foco onde você é mais magro. E vice-versa.


Contrastes em geral: não são bons para baixinhos ou gordinhos porque “fatiam” a silhueta. 

Cintos e sapatos contrastando com o resto, por exemplo, são grandes “achatadores” de silhueta.

Listras: as horizontais engordam e as verticais alongam.


Estampas: quanto maiores e mais coloridas, mais engordam. Tecidos encorpados, armados ou cheios de textura, como o tafetá e o tweed, aumentam o volume do corpo, logo “engordam”. Já tecidos molengos, como o jérsei e a lã fria, tendem a disfarçá-lo.


Tecidos muito finos e aderentes podem ser tão nocivos quanto os volumosos, pois “delatam” todas as gordurinhas a mais.


Modelagens cheias de detalhes aumentam o volume, enquanto modelagens mais simples e “secas” disfarçam.


Pele à mostra chama mais atenção que qualquer roupa. Por isso, no caso das meninas, se você é mais “cheinha” em cima e boa de pernas, tente exibi-las um pouco. Se for o contrário, use um decote e uma peça mais escura e de corte simples embaixo. No caso dos meninos, calças mais claras e com detalhes (como pregas e bolsos adicionais) também funcionam, para os que têm um tronco mais robusto. E, para os barrigudinhos, uma boa estratégia é usar paletós com dois botões no máximo (que criam um V mais profundo, deixando mais “camisa” à mostra, já que você não pode usar um belo decotão) e calça com a cintura no lugar.


Brincos e colares chamam a atenção para o rosto, desviando-a do resto do corpo. Um bom truque para as gordinhas. Só não valem as gargantilhas e coleiras, se você tem o pescoço curto.


Decote V é umas das invenções mais democráticas da moda: por deixar uma superfície razoável de pele à mostra, é ideal para quem tem seios grandes e, por criar uma linha imaginária vertical, beneficia a todos, homens e mulheres, que necessitam afinar o tronco ou alongar a silhueta de modo geral.


Sobreposições são uma boa forma de acrescentar volume, se este for o seu caso.


Saltos alongam e deixam as pernas mais delineadas. Se você tem pernas curtas, uma solução são as pantalonas (sempre chiquérrimas), com a cintura mais alta e a barra terminando próxima do chão. Suas pernas parecerão intermináveis!


Manga raglã e manga morcego des-fa-vo-re-cem ombros estreitos ou caídos. Se este é o seu caso, esqueça-as para todo o sempre.


A roupa nunca deve começar ou acabar no meio do seu ponto fraco. Por exemplo, a barra de um casaco não deve “repousar” sobre o seu quadril, se você é da turma das gostosas. Melhor que termine antes ou depois. Da mesma forma, se você não tem cintura, dê preferência a calças de cintura um pouco mais baixa e sem cós.


Calças curtas e largas na perna (como aquele modelo capri), para ser direta, só ficam bem em quem tem corpo de modelo. Não consigo entender a atração que essa peça exerce sobre tantas gordinhas. O que eu mais vejo para todo lado é o look calça curta e cintura baixa, com barriga de fora (elevando à enésima potência o volume e a falta de altura). Francamente, meninas...

Acessórios devem ser proporcionais ao seu tamanho ou ao tamanho da região do corpo onde são usados. Por exemplo, um homem baixinho não fica tão bem com um relógio extra-extra-large. Assim como a “maxibolsa” de uma baixinha deve ser aquela que é média para mim. E um gordinho com uma gravata muito fina e um nó “magrinho” vai parecer maior ainda, e por aí vai.


Altos e magros podem usar o que quiserem. Deus os abençoe.


Coletes, jaquetas e paletós beneficiam a todos, criando uma estrutura para os ombros.


Use sempre roupas do seu tamanho. Vestir roupas folgadas e sem forma, para disfarçar a gordura, é um mito. Um mito nada elegante, por sinal.

Sua coloração pessoal (pele, olhos e cabelo) determina as cores de roupas que favorecem sua aparência e as cores que a sabotam. Como identificá-las? A maneira mais simples e eficiente de descobrir é vestindo a roupa e olhando-se no espelho, num ambiente com iluminação natural. Se a roupa produzir um efeito luminoso no seu rosto, grandes chances de a cor ser boa para você. Se produzir o efeito contrário, ou seja, uma aparência cansada, abatida, a cor tende a ser ruim. É sutil, mas não subjetivo. Dedique-se a essa tarefa com atenção.

Por último, é bom lembrar que método é sempre uma tentativa de simplificar as coisas para que possamos absorvê-las, não sem algum prejuízo.

Visualize as suas características principais e mantenha o foco naquilo que for mais importante. Experimente as suas roupas e comece a perceber, você mesmo, o que valoriza o seu corpo e o que o desfavorece. Faça a sua própria listinha e não dê tanta atenção às chamadas “tendências”.

Muito mais importante é você conhecer o seu corpo e o seu estilo, e o ambiente ou a ocasião para a qual está se vestindo, e usar somente aquilo que o faz sentir-se bem e bonito. É, bonito. Não adianta nada você estar cem por cento “correto” e não se reconhecer ali. Com esse exercício de autoconhecimento e aplicação da informação, duvido que você não fique mais bonito e feliz, para você mesmo e para todo mundo.

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