O brilho das luzes da ribalta e das lâmpadas dos fotógrafos, não está mais reservado ás artistas e aos candidatos políticos. Até uma mulher do tipo mais retirado e discreto pode um dia ser levada ao contro das atenções.
A escolha da roupa depende primariamente da hora e lugar. Deve-se em geral preferir algo bem desenhado e de acordo com o tipo físico. Abordamos a questão da imagem pessoal sob o ponto de vista do impacto que pode causar em nossas vidas e de seu processo de construção (leia “Não tem exclusividade: moda é para todos”). Sobre este último, listamos suas duas bases – que se misturam e andam juntas –, autoconhecimento e informação e, ainda, apresentamos, em termos individuais e de mercado, os significados atuais da moda, ferramenta importante desse processo, no que se refere ao aspecto “visual” da sua imagem pessoal.
É claro que imagem pessoal não tem a ver somente com aparência física e roupas. Inclui, além desses aspectos, outros como postura, voz e linguagem corporal, e outros ligados a comportamento, como valores pessoais, personalidade, compreensão dos códigos sociais e a maneira como você se comunica e se relaciona com as outras pessoas. Tudo isso, em conjunto, compõe a sua imagem pessoal, que, em conjunto com a sua história, compõe a sua identidade. Única e intransferível. Ao mesmo tempo, o objetivo da imagem pessoal deve ser o de transmitir aos outros informações relevantes e precisas sobre quem você é e o que você quer.
Esclarecido o contexto, voltemos ao começo.
Ocorre que conhecer bem – e aceitar – o seu próprio corpo é um dos primeiros passos na direção de uma ótima imagem pessoal. Por quê? Em primeiro lugar, porque a sua imagem visual é a principal responsável pela primeira impressão que você provoca, e continua influenciando todas as impressões seguintes, quer você queira ou não. E, depois, conhecendo o seu corpo, você descobrirá os seus pontos fortes e fracos, e será capaz de, com as roupas certas, reequilibrar suas proporções, alcançando uma silhueta mais harmoniosa e, por fim, uma imagem visual mais positiva. Mais importante que tudo isso é saber que, quando nos olhamos no espelho e gostamos do que vemos, esse sentimento, além do bem que faz, nos torna mais dispostos e seguros diante do mundo. E que todos podemos melhorar.
O nome do jogo aqui é ilusão de ótica. E, pode apostar, a maioria daqueles que vemos por aí ostentando uma figura invejável – ao contrário do que somos compelidos a acreditar – não fazem parte do seleto grupo de exemplares da excelência física da raça humana. São, isso sim, pessoas espertas e bem informadas que aprenderam a dominar esse jogo. Vamos a ele:
Uma questão de autoconhecimento
Olhe-se – sem roupas e sem pressa – no espelho, de todos os ângulos possíveis, inclusive de costas, com a ajuda de um outro espelho. Como nem todos temos espelhos grandes em casa, minha sugestão é que você descubra uma loja cujos provadores tenham. Leve uma ou duas pecinhas para o provador, claro, e gaste o tempo que for preciso. Se possível, faça anotações sobre o que descobrir, especialmente sobre a sua visão de costas, que, frequentemente, é uma surpresa completa. A ideia é que essa atividade seja uma espécie de busca exploratória. Se você for sincero e corajoso consigo mesmo, fará descobertas surpreendentes e valiosas para a etapa seguinte (e, se der, compre uma das pecinhas antes de deixar a loja).
Regras gerais
Glorinha Kalil enunciou, num de seus livros, algo mais ou menos assim: “O curto deve alongar; o longo deve achatar; o estreito, aumentar para os lados; o volumoso, afinar”.
Reequilibrando suas formas
Agora que você já foi apresentado ao seu próprio corpo e está informado do objetivo (criar a ilusão de uma figura mais proporcional) e da estratégia do jogo (as “regras gerais”, logo acima), há algumas dicas principais para ajudá-lo nessa empreitada:
– O tipo de roupa, as cores e os tecidos são as “peças” do jogo, e as combinações desses três elementos são as suas “jogadas”.
– Contraste claro/escuro: cores claras e luminosas chamam mais atenção que cores fechadas e escuras, por isso aquela ideia de que “cores claras engordam, cores escuras emagrecem”. Se você tem o quadril pesado, por exemplo, use escuro embaixo e claro em cima, assim vai concentrar o foco onde você é mais magro. E vice-versa.
– Contrastes em geral: não são bons para baixinhos ou gordinhos porque “fatiam” a silhueta.
Cintos e sapatos contrastando com o resto, por exemplo, são grandes “achatadores” de silhueta.
– Listras: as horizontais engordam e as verticais alongam.
– Estampas: quanto maiores e mais coloridas, mais engordam.– Tecidos encorpados, armados ou cheios de textura, como o tafetá e o tweed, aumentam o volume do corpo, logo “engordam”. Já tecidos molengos, como o jérsei e a lã fria, tendem a disfarçá-lo.
– Tecidos muito finos e aderentes podem ser tão nocivos quanto os volumosos, pois “delatam” todas as gordurinhas a mais.
– Modelagens cheias de detalhes aumentam o volume, enquanto modelagens mais simples e “secas” disfarçam.
– Pele à mostra chama mais atenção que qualquer roupa. Por isso, no caso das meninas, se você é mais “cheinha” em cima e boa de pernas, tente exibi-las um pouco. Se for o contrário, use um decote e uma peça mais escura e de corte simples embaixo. No caso dos meninos, calças mais claras e com detalhes (como pregas e bolsos adicionais) também funcionam, para os que têm um tronco mais robusto. E, para os barrigudinhos, uma boa estratégia é usar paletós com dois botões no máximo (que criam um V mais profundo, deixando mais “camisa” à mostra, já que você não pode usar um belo decotão) e calça com a cintura no lugar.
– Brincos e colares chamam a atenção para o rosto, desviando-a do resto do corpo. Um bom truque para as gordinhas. Só não valem as gargantilhas e coleiras, se você tem o pescoço curto.
– Decote V é umas das invenções mais democráticas da moda: por deixar uma superfície razoável de pele à mostra, é ideal para quem tem seios grandes e, por criar uma linha imaginária vertical, beneficia a todos, homens e mulheres, que necessitam afinar o tronco ou alongar a silhueta de modo geral.
– Sobreposições são uma boa forma de acrescentar volume, se este for o seu caso.
– Saltos alongam e deixam as pernas mais delineadas. Se você tem pernas curtas, uma solução são as pantalonas (sempre chiquérrimas), com a cintura mais alta e a barra terminando próxima do chão. Suas pernas parecerão intermináveis!
– Manga raglã e manga morcego des-fa-vo-re-cem ombros estreitos ou caídos. Se este é o seu caso, esqueça-as para todo o sempre.
– A roupa nunca deve começar ou acabar no meio do seu ponto fraco. Por exemplo, a barra de um casaco não deve “repousar” sobre o seu quadril, se você é da turma das gostosas. Melhor que termine antes ou depois. Da mesma forma, se você não tem cintura, dê preferência a calças de cintura um pouco mais baixa e sem cós.
– Calças curtas e largas na perna (como aquele modelo capri), para ser direta, só ficam bem em quem tem corpo de modelo. Não consigo entender a atração que essa peça exerce sobre tantas gordinhas. O que eu mais vejo para todo lado é o look calça curta e cintura baixa, com barriga de fora (elevando à enésima potência o volume e a falta de altura). Francamente, meninas...
– Acessórios devem ser proporcionais ao seu tamanho ou ao tamanho da região do corpo onde são usados. Por exemplo, um homem baixinho não fica tão bem com um relógio extra-extra-large. Assim como a “maxibolsa” de uma baixinha deve ser aquela que é média para mim. E um gordinho com uma gravata muito fina e um nó “magrinho” vai parecer maior ainda, e por aí vai.
– Altos e magros podem usar o que quiserem. Deus os abençoe.
– Coletes, jaquetas e paletós beneficiam a todos, criando uma estrutura para os ombros.
– Use sempre roupas do seu tamanho. Vestir roupas folgadas e sem forma, para disfarçar a gordura, é um mito. Um mito nada elegante, por sinal.
– Sua coloração pessoal (pele, olhos e cabelo) determina as cores de roupas que favorecem sua aparência e as cores que a sabotam. Como identificá-las? A maneira mais simples e eficiente de descobrir é vestindo a roupa e olhando-se no espelho, num ambiente com iluminação natural. Se a roupa produzir um efeito luminoso no seu rosto, grandes chances de a cor ser boa para você. Se produzir o efeito contrário, ou seja, uma aparência cansada, abatida, a cor tende a ser ruim. É sutil, mas não subjetivo. Dedique-se a essa tarefa com atenção.
Por último, é bom lembrar que método é sempre uma tentativa de simplificar as coisas para que possamos absorvê-las, não sem algum prejuízo.
Visualize as suas características principais e mantenha o foco naquilo que for mais importante. Experimente as suas roupas e comece a perceber, você mesmo, o que valoriza o seu corpo e o que o desfavorece. Faça a sua própria listinha e não dê tanta atenção às chamadas “tendências”.
Muito mais importante é você conhecer o seu corpo e o seu estilo, e o ambiente ou a ocasião para a qual está se vestindo, e usar somente aquilo que o faz sentir-se bem e bonito. É, bonito. Não adianta nada você estar cem por cento “correto” e não se reconhecer ali. Com esse exercício de autoconhecimento e aplicação da informação, duvido que você não fique mais bonito e feliz, para você mesmo e para todo mundo.